Dezenas de flanelinhas trabalham na Avenida Beira Mar, uma das mais movimentadas da capital. Existem os que apoiam o trabalho dos vigilantes automotivos, já outros acham um absurdo a apropriação das vagas públicas para estacionar.
Já é comum o cidadão fortalezense se deparar com os vigilantes de carros, ou flanelinhas como são mais conhecidos, ao estacionar seus carros em vias públicas na capital. Alguns não gostam e até os marginalizam, alegando ser um absurdo pagar para estacionar em local público. Outros acham fundamental o serviço, pois assim ficam mais tranqüilos em deixar seus carros devidamente vigiados.
Na Avenida Beira Mar, uma das mais movimentadas de Fortaleza, os guardadores são muito comuns. Dezenas deles se espalham pela orla, demarcando seus “territórios”. Esses locais estabelecidos por eles é uma espécie de hierarquia, passando de um para o outro. Por exemplo, para trabalhar em um determinado quarteirão, tem que pedir autorização para o “dono” do ponto, porque se não, eles chegam a se enfrentar violentamente, como forma de proteger seu local de trabalho, assim descreveu Sandro de Carvalho, mais conhecido como Alex, de 35 anos, que há dois trabalha na avenida:
“Trabalho aqui das três horas da tarde até as dez da noite porque quando passa do horário, chegam outros querendo tomar meu ponto. Já aconteceu até de entrarmos na tapa por causa disso”
Fazer a proteção dos veículos não é o único serviço prestado pelos flanelinhas. Alguns deles também oferecem o serviço de lavagem automotiva. Uns utilizam apenas a água para passar no veículo, outros dispõem de outros produtos como o óleo diesel para tirar as crateras que são formadas da parte inferior dos carros e glicerina para deixar brilhando os pneus.
“Eu cobro R$5,00 pela lavagem, mais se o cliente quiser pagar só quatro ou três não tem problema”, afirmou Alex.
Educação precária, falta de oportunidade de trabalho e idade avançada é um dos principais motivos citados por vários vigilantes automotivos pela escolha de estar ali em meio a centenas de carros.
“Antes eu era pintor, mais quando saí da última firma que trabalhei, quando eu tinha 44 anos, não consegui arrumar mais nenhum emprego, por isso que hoje estou aqui.” Disse João Batista, de 59 anos, com sete deles dedicado à profissão de flanelinha.
O faturamento diário deles varia entre R$20,00 a R$40,00 diários. Aqueles que lavam carros faturam mais, mas também tem aqueles que estão ali apenas para “pastorear”. Alguns trabalham nos dois períodos, manha e noite, outros só em um turno, geralmente à noite, que é o horário de maior fluxo.
Muitos alegam que sofrem algum tipo de discriminação, chegam até a dizer que há quem ache que todo flanelinha é bandido, mas outros já alegam um bom relacionamento com os clientes.
“Tem gente que sai e não dá nem um “boa noite”, mas já teve uma senhora que me deu R$50,00 no final do ano” relatou João com um vasto sorriso no rosto.
No ano 2000, o então vereador de Fortaleza, Francisco Caminha, criou a Associação de Vigilantes de veículos – AVV. O órgão tem como objetivo valorizar e padronizar todos aqueles que trabalham vigiando carros nas ruas de Fortaleza. Ao participar da associação, o flanelinha recebe um colete, um boné e um crachá com a logomarca da entidade. Com o objetivo de inserir cada vez mais os vigilantes de veículos na sociedade, a AVV sempre realiza encontros motivacionais, como palestras sobre educação e cidadania, promove eventos esportivos, além de comemorar juntamente com as famílias dos associados datas importantes como do Dia das Mães, Dia dos Pais e Natal. Mas nem todos os flanelinhas, mesmo associados, usam o colete. Alguns alegam que de certa forma atrapalha, pois as pessoas ao verem a farda, não querem dar as gorjetas, pensando que eles fazem parte de algum tipo de empresa da redondeza de seus respectivos pontos.
Na Avenida Beira Mar, ocorrências policias com envolvimento de flanelinhas são mínimas. Segundo um soldado do Batalhão de Policiamento de Turismo (BPTur) que atua no local, os chamados com algum tipo de delito que algum flanelinhas tenha cometido é raro, e quando acontece, são mais por aqueles que, na verdade, não são flanelinhas, e sim pessoas que ficam ali em busca de um “trocado” para comprar drogas.
Reportagem: Rômulo Jacobi
Revisão: Lorena Portela
Revisão: Lorena Portela
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